As ruas de Exarchia estão quase vazias. A maioria dos atenienses deixaram a cidade durante a Páscoa, um dos maiores feriados do ano por aqui, então as suas ruas normalmente movimentadas estão vazias. As lojas e os cafés têm as portas de segurança trancadas, revelando a arte de pinturas coloridas de spray anti-autoritárias. As imagens de manifestantes utilizando máscaras de gás, as palavras de ordem contra o capitalismo e contra o governo e tributos aos militantes presos cobrem as paredes de quase todos os edifícios, revelando um pouco da contra-cultura que geralmente acontece aqui.
Exarchia é conhecida em Atenas como o centro de lutas sociais. Este bairro densamente povoado tem a reputação de ser anti-sistema e de ser o abrigo de estudantes, anarquistas, artistas e esquerdistas de todos os tipos. Um mês de protestos por todo o país foi atiçado em Dezembro de 2008 quando um estudante do secundário e anarquista de 15 anos foi atingido a tiro e morto pela polícia perto da Praça de Exarchia. A maioria dos atenienses odeia a polícia, e quando este jovem foi morto todo o país explodiu. A mãe de Alexis construiu um memorial na esquina onde ele foi morto com a sua foto e as seguintes palavras:
Este bairro é a morada da Universidade Politécnica, onde muitos confrontos entre estudantes e polícia tiveram lugar. Na Grécia a polícia não pode entrar nas universidades. A 17 de Novembro de 1973, dezenas de estudantes que se revoltaram contra o governo militar foram atingidos por balas por militares no auge de um movimento massivo de protesto. Apenas alguns meses depois, o governo caiu e foi substituído por uma Democracia moderna. Os gregos não esqueceram este acontecimento e estão preparados contra o ataque às suas liberdades. Eles são especialmente sensíveis no que diz respeito às incursões policiais nas universidades e são várias vezes postos fora por estudantes e anarquistas que recusam que a história se repita.
O 1º de Maio está ao virar da esquina e apenas dez dias depois há uma greve geral. O campus Politécnico em Exarchia será sem dúvida o coração de muitos confrontos que terão lugar neste mês que vem. A economia grega está de rastos, os trabalhadores estão sobre um constante ataque e as pessoas que aqui vivem estão furiosas. Toda a gente por aqui fala da greve geral como algo com potencial para dar início a uma revolução. Muitos comparam a corrente crise ao colapso da economia Argentina em 2001, que levou a protestos massivos por todos os setores da população. Dez anos passaram desde então e o governo grego está numa situação muito parecida. Estão encurralados pelo alto valor do Euro e estão a ser forçados a atacar financeiramente a sua própria população pelo FMI e pela União Europeia. A Grécia é um barril de pólvora. Será a greve geral de 11 de Maio o rastilho.
Imagens de Exarchia, Atenas:
› http://www.flickr.com/photos/insurgent/sets/72157626467288653/with/5661189181/
Tradução: P.M.
Nota da “ANA”:
Os gregos e gregas farão uma nova Greve Geral nesta quarta-feira, 11 de maio, para protestar contra as medidas de austeridade e as privatizações receitadas pela União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
FONTE: agência de notícias anarquistas-ana
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